3 fatores que influenciam no manejo de frangos de corte na fase de terminação
Nos dias que antecedem o abate das aves, algumas medidas de controle devem ser tomadas para garantir o bem-estar do lote e reduzir os índices de mortalidade nesta etapa.
A avicultura é uma atividade que possui alto giro de investimentos, visto que em menos de 50 dias é possível ter o fechamento do lote, o que abre espaço para outro, logo na sequência. Assim, é possível desenvolver pelo menos 5 lotes por ano. Por este motivo, a criação de frangos de corte tem se apresentado como uma boa fonte de renda e alternativa às propriedades com interesse em diversificação de trabalho. Com um ciclo tão rápido, cada etapa do processo é fundamental, e estar atento aos detalhes é imprescindível para que o rendimento do lote seja otimizado.
Nos dias que antecedem o abate das aves, podem ocorrer perdas de desempenho e também financeiras, caso algumas medidas de controle não sejam tomadas para evitar situações de desconforto aos animais, as quais aumentam os índices de mortalidade total do lote. Confira a seguir 3 importante fatores que influenciam no manejo na fase de terminação nos frangos de corte.
1. A influência da temperatura no bem estar das aves
A temperatura do galpão tem forte influência no conforto dos animais, sendo atualmente o principal causador de perdas para o setor avícola. Nesta fase o frango está com peso aproximado de 3,0 kg e tende a sentir mais calor, devido a sua faixa ótima de temperatura ser mais baixa. Por estes motivos, é importante fornecer medidas que amenizem a temperatura dos dias mais quentes, como o uso de:
- Ventiladores
- Nebulizadores ou sistemas de circulação de ar
- Água fresca
- Densidade adequada de alojamento
A temperatura ótima para desenvolvimento das aves nesse período é de 24°C, acima dessa faixa de temperatura podem ocorrer disfunções metabólicas.
As aves não possuem glândulas sudoríparas, o que dificulta as trocas de calor com o ambiente. Em razão desta dificuldade, os frangos possuem outras formas de perda de temperatura, que são classificadas como perdas por condução, convecção e radiação, as quais são chamadas de trocas sensíveis. Para que isso ocorra, elas dependem de um diferencial de temperatura entre a superfície corporal e a temperatura ambiente. Consequentemente, quanto maior for essa diferença, mais eficientes serão essas trocas.
Para aumentar as trocas de calor com o ambiente, as aves se agacham e mantém as asas afastadas do corpo, a fim de aumentar ao máximo a área de superfície corporal e de fluxo de calor para as regiões periféricas do corpo que não possuem cobertura de penas, como a crista, a barbela e os pés. (MACARI e FURLAN, 2001).
Por isso, é fundamental utilizar uma adequada densidade de alojamento de acordo com as condições construtivas e ambientais de cada região, já que em galpões abertos e sem ambiente controlado as aves têm dificuldade em expressar estes comportamentos que auxiliam na manutenção de sua temperatura corporal.
A temperatura do galpão tem forte influência no conforto dos animais, sendo atualmente o principal causador de perdas para o setor avícola.
2. Características para um correto carregamento do lote
Após resistir a todas as anomalias que acometem o desenvolvimento dos animais, ainda é necessária a atenção para o carregamento do lote. O mesmo é composto por uma série de etapas que garantem o bem-estar das aves assim como a qualidade da carne para o consumidor.
Para o manejo de jejum pré-abate, devem ser consideradas as variáveis ambientais:
- Dias com temperaturas altas, as aves diminuem ou cessam o consumo de ração no horário de pico de calor.
- Dias com períodos mais frios, as aves tendem a se alimentar mais e se movimentar menos, retardando o processo de digestão (ASSAYAG JR. et al., 2005).
- Intensidade de luz, as aves estão condicionadas a ficarem mais agitadas com a presença de luz. Portanto, caso a apanha ocorra em períodos de maior incidência de luz, deve-se manter as cortinas fechadas, para diminuir o estresse causado a elas.
Para que a apanha e o carregamento dos animais ocorram de maneira adequada, é necessário aplicar alguns manejos, como por exemplo:
- Restrição de alimento: com média de 8 horas antes do carregamento. Porém, o período máximo de jejum não deve ultrapassar 12 horas. Essa prática tem a finalidade de minimizar a contaminação no abatedouro devido ao esvaziamento do sistema digestório e melhorar a eficiência produtiva, pois não haveria tempo para que o alimento consumido fosse metabolizado e transformado em carne (MENDES, 2001).
- Restrição hídrica: deve ocorrer a partir do momento da apanha e o tempo de descanso não ser inferior a duas horas no abatedouro (LUDTKE et al., 2010).
- Preparo do aviário para o momento da apanha: os comedouros e bebedouros devem ser suspensos até o final do carregamento, de modo a evitar lesões e machucaduras por atrito com os equipamentos
3. Apanha e transporte das aves
A apanha pode ser praticada de três principais maneiras: pelo dorso, pelas pernas ou pelo pescoço. A mais utilizada é a forma pelo dorso, por ser mais fácil de introduzir as aves dentro da caixa. Comparando os métodos, a captura pelo pescoço aumenta as contusões de carcaça em 33% e em 72% as fraturas hemorrágicas (LEANDRO et al., 2001).
A apanha e o carregamento são etapas que estão em constante evolução, buscando sempre a eficiência do procedimento, seja através da melhoria das práticas, para que a equipe de apanha atue de maneira mais ágil, ou através do manejo, de modo a garantir o bem-estar das aves.
O transporte das aves deve ser realizado nas horas mais frescas do dia, a fim de não provocar estresse térmico aos animais, pois o microclima do caminhão de transporte diverge da temperatura e umidade relativa do ar da parte externa do veículo. Quando necessário, deverão ser utilizadas medidas mecânicas de aquecimento ou ventilação e resfriamento. As paradas durante o trajeto percorrido até o frigorífico devem ser minimizadas.
Após a chegada no frigorífico, o caminhão com as aves deverá ser alocado em uma área de espera, onde alguns procedimentos são adotados para amenizar o estresse sofrido no deslocamento, como a nebulização e climatização da sala. Se os animais estiverem ofegantes ou amontoados, o manejo está incorreto.
O manejo adequado dos animais na fase final tem impacto direto na inocuidade do alimento e na rentabilidade para a indústria. Dessa forma, boas práticas devem ser adotadas efetivamente para garantir o bem-estar das aves e também a melhora nos resultados.
O manejo na etapa da terminação é tão importante quanto na fase inicial ou de crescimento. Confira neste texto porque é importante garantir um bom manejo nas primeiras semanas dos frangos de corte.
Compartilhe:
Caroline Facchi - Engenheira Agrônoma, especialista em fábrica de ração. Mestre em Sanidade e Produção Animal e doutoranda em Ciência Animal, na linha de nutrição de monogástricos. Pesquisadora na área de Pesquisa & Desenvolvimento e Gerente de Produto da BTA Aditivos.
Veja mais posts do autor