A importância dos antifúngicos para a ração pet
O alto teor de umidade pode favorecer o aparecimento de fungos na ração e interferir nas características sensoriais e até causar toxicoses no animal. É aí que entram os antifúngicos que inibem o aparecimento de microrganismos e prolongam a vida útil do produto.
Nos últimos tempos, com a crescente importância dos animais de estimação na vida dos seus donos, a qualidade e a segurança dos alimentos são o ponto determinante no momento da escolha do melhor alimento a ser fornecido a eles. Com isso, as indústrias produtoras de pet food têm se preocupado cada vez mais em oferecer ao mercado alimentos palatáveis, nutricionalmente balanceados e que não coloquem em risco a saúde dos animais que os consomem controlando, principalmente, os ingredientes e matérias-primas que serão utilizados na produção, para garantir assim um alimento seguro.
Os alimentos destinados a animais de companhia, usualmente chamados de alimentos completos, incluem todos os nutrientes necessários para uma alimentação adequada. São formulados à base de farinhas de origem animal e dependendo da sua classificação mercadológica, podem possuir interessantes percentuais de grãos e cereais. Entretanto, estes últimos, são ótimos substratos para o desenvolvimento fúngico, quando expostos a altos teores de umidade.
Interferências na conservação do produto
O alto teor de umidade pode favorecer o aparecimento de fungos tanto nos grãos, ainda no campo ou mal armazenados, quanto nos alimentos já processados e prontos para consumo. No alimento, a contaminação por fungos pode causar inúmeros danos, associados à redução dos nutrientes, perda das características organolépticas como sabor, cor e odor, além da presença de micotoxinas, que são metabólitos secundários com potencial de causar toxicoses aos animais, depois da ingestão de alimentos contaminados.
Os alimentos pet oferecem todos os nutrientes necessários para uma alimentação adequada. Mas um alto teor de umidade pode favorecer o aparecimento de fungos e impactar na saúde do animal
As micotoxinas podem causar efeito agudo ou subagudo na saúde dos animais, dependendo da quantidade e da frequência da ingestão do alimento contaminado. O impacto causado por elas abrange desde quadros de vômito e diarreia até o favorecimento de uma debilidade imunológica, podendo apresentar propriedades alergênicas, teratogênicas e carcinogênicas aos animais.
Porém, é importante lembrar que a presença de fungos em alimentos destinados a animais de estimação não significa, necessariamente, a presença de micotoxinas. Contudo, quando as contagens fúngicas são elevadas, considera-se este fator como o principal indicativo para a presença de micotoxinas no alimento.
Atualmente, existem diversas espécies fúngicas micotoxigênicas, que podem produzir diferentes tipos de micotoxinas. Os gêneros que são considerados de maior importância em alimentos e rações são Aspergillus, Penicillium e Fusarium, por serem os mais comumente encontrados e considerados como os maiores produtores de micotoxinas, sendo as mais comuns a Aflatoxina, Ocratoxina, Zearalenona, Fumonisina e Deoxinevalenol.
Controle da umidade e atividade de água como medida preventiva
Neste cenário, para prevenir o desenvolvimento fúngico e garantir o shelf-life dos produtos, as empresas produtoras de pet food empregam algumas técnicas, combinando parâmetros que podem atuar de maneira sinérgica para prevenir ou retardar esta contaminação. Os parâmetros mais utilizados pelas fábricas, em sua maioria, são através do controle de umidade e atividade de água (Aw) e do uso de aditivos conservantes (antifúngicos) no produto.
No alimento, a água pode estar presente como água ligada e água livre, que resultam no conteúdo total de água, como umidade. Quando se apresenta ligada às moléculas constituintes do produto, não pode ser removida ou utilizada para qualquer tipo de reação. Desta maneira, o metabolismo dos microrganismos é paralisado e não há desenvolvimento ou reprodução. Quando se encontra livre, pode estar disponível para as reações físicas, como evaporação, químicas, como o escurecimento ou microbiológicas como a contaminação, tornando-se a principal responsável pela deterioração do produto. A falta de controle da umidade e da atividade de água, além do não uso de um aditivo conservante antifúngico são condições favoráveis para o desenvolvimento de fungos, podendo comprometer toda a qualidade do produto.
Utilização do aditivo conservante antifúngico
Pode-se definir como aditivo conservante toda substância cuja função é inibir o crescimento de microrganismos no produto, conservando-o livre de deteriorações causadas por bactérias, fungos e leveduras. Sendo assim, os aditivos conservantes antifúngicos são substâncias utilizadas com o intuito de prevenir ou eliminar o desenvolvimento fúngico e, consequentemente, a produção de micotoxinas em matérias-primas e rações destinadas à alimentação animal.
Os princípios ativos mais utilizados são:
- Propionato de cálcio
- Ácido propiônico
- Ácido cítrico
- Ácido sórbico
Direta ou indiretamente estes princípios ativos exercem ações fungistáticas, ou seja, inibe o crescimento e fungicidas, que destroem o fungo, e tem características especiais quanto ao mecanismo de ação. Podem ainda, ser classificados com base no sítio-alvo ou local onde vai agir e estrutura química, sendo que estes atuam, em sua maioria, na membrana celular. São utilizados de maneira individual ou em forma de misturas, como blends de dois ou mais princípios ativos, possibilitando obter uma melhor sinergia entre os compostos.
Seguindo este contexto, a utilização de aditivos conservantes antifúngicos no processo produtivo é de fundamental importância, para que assim as fábricas produtoras de pet food consigam obter uma maior eficiência frente ao seu principal objetivo, que é o de garantir a segurança alimentar e prolongar o shelf-life do alimento que será destinado aos animais de estimação.
Não só o cuidado com a conservação do pet como também a procura por ingredientes naturais são importantes pontos a considerar. Saiba neste artigo porque os antioxidantes naturais se tornaram uma tendência nas rações para pets.
Este artigo foi publicado na Revista Pet Food nº 70 - outubro de 2020
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Daiane Signore Ribeiro - Médica Veterinária, especialista em Tecnologia da Produção de Ração Animal e Consultora Técnica na BTA Aditivos.
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