Avicultura no verão: aviários exigem mais cuidados em época de calor
No verão o cuidado com o aviário precisa ser redobrado. Confira algumas dicas de como melhorar o bem-estar da ave, reduzir seu estresse e mortalidade pelo calor.
Com o aumento da temperatura, os cuidados com os planteis na avicultura industrial exigem uma maior atenção no manejo das aves, pois o calor pode ser extremamente prejudicial para o bem-estar das aves. No verão é mais difícil conseguir manter a temperatura adequada para cada fase da criação, trazendo, como consequência, maus resultados e perda no rendimento dos lotes.
Os avanços genéticos e nutricionais conquistados nos últimos anos ainda não conseguem evitar a deficiente capacidade termorreguladora que as aves apresentam quando expostas a temperaturas fora da faixa do seu conforto térmico, ou seja, o metabolismo das aves continua deficiente para enfrentar os desafios das altas temperaturas. As aves não conseguem perder calor via suor como os humanos, pois não transpiram. Elas só perdem calor resfriando seus órgãos internos através da respiração ou bebendo água.
As altas temperaturas encontradas em várias regiões do Brasil relacionadas a alta umidade relativa do ar, causam o aumento da temperatura corporal das aves, fazendo com que estas entrem em estado de estresse.
Os fatores que afetam mais diretamente as aves são os ambientais e térmicos, principalmente a temperatura e a umidade relativa do ar, onde os mesmos comprometem a manutenção da homeotermia, sendo esta uma função vital atingida através de processos de sensibilidade e latência de perda de calor (Oliveira et. al. 2006).
Ambientes amenos para evitar o estresse da ave
Medidas importantes precisam ser colocadas em prática a fim de minimizar os efeitos nocivos decorrentes do período de calor. É importante atentar para que a temperatura do ambiente esteja de acordo com a necessidade de cada fase do animal. À medida que a ave vai envelhecendo, ela precisa de menos calor. Um pintinho precisa de uma temperatura entre 31 a 33° C para que ele sinta o conforto ideal. Já a ave adulta não pode permanecer em um ambiente com elevadas temperaturas, sendo o ideal entre os 21 e 23° C. Também é importante ficar atento à umidade do ar, que deve ser mantida entre 65% e 70% para que o ambiente fique o mais adequado possível para a ave.
- PINTAINHO 31 a 33 °C
- AVE ADULTA 21 e 23 °C
- UMIDADE DO AR 65 a 70%
Outra medida importante é evitar que a carga fique exposta ao sol durante o carregamento, pois as primeiras aves carregadas podem sofrer estresse térmico. Uma medida preventiva é a plantação de árvores ao redor do galpão, fornecendo sombra, ou a colocação de sombrites sobre a carga do caminhão até o fim da apanha (VIEIRA et al., 2009).
Ajustes e uso adequado de equipamentos no aviário:
- Equipamentos para resfriamento do ambiente como ventiladores, exaustores, nebulizadores e placas evaporativas precisam ser utilizadas para assegurar um bom desempenho das aves, visando ao máximo o melhor desempenho e rendimentos.
- Dentro de um aviário a ventilação é uma das formas de se conseguir temperaturas de conforto. Ocorre pelo controle conveniente da entrada de calor no aviário e pela facilitação de saída do calor produzido (EMBRAPA 2000).
- O uso de bebedouros adequados e nas quantidades e dimensões necessárias ao número de aves alojadas é fundamental, pois o animal busca o equilíbrio térmico pela ingestão de água.
- Com os aviários automatizados, que favorecem o controle da temperatura do ambiente, promovem o melhor e mais controlado conforto e desenvolvimento dos plantéis.
Água e alimento para as aves:
Além da disponibilidade, através do uso correto dos equipamentos, a água de bebida precisa estar em temperatura adequada e sempre fresca e protegida da radiação solar. Essa temperatura exerce influência direta sobre o seu consumo pelas aves e sobre a produtividade das mesmas. A quantidade de água ingerida aumenta com a elevação da temperatura ambiente, sendo o consumo, em situação de estresse calórico, limitante para a taxa de crescimento e sobrevivência.
A bebida das aves deve ser oferecida de forma contínua, em temperatura adequada, sempre fresca e protegida da radiação solar
Já a dieta alimentar deve ser ajustada quanto aos níveis energéticos, de proteínas e aminoácidos. A manipulação de proteínas e aminoácidos nas dietas de frangos estressados pelo calor segue duas estratégias opostas que podem ser usadas para aliviar os efeitos. A primeira, seria o uso de dietas com baixa proteína para limitar o incremento calórico. Nesse caso, recomenda-se diminuir a proteína dietética com a suplementação de aminoácidos essenciais. Já a segunda estratégia seria o uso de dietas com alta proteína para compensar o menor consumo alimentar causado pelo calor.
Controle bacteriano e viral nas aves
- Na flora intestinal - A utilização de aditivos para controle e equilíbrio da flora intestinal das aves é necessária em muitos casos. O uso adequado e prudente de antimicrobianos, ácidos orgânicos, óleos funcionais, probióticos e prebióticos têm se mostrado excelentes ferramentas no controle da disbiose, favorecendo assim, uma melhor integridade intestinal, levando as aves a sofrerem menos interferências em decorrência do calor. Quando os animais estão sob condição de estresse, devido ao excesso de calor, pode haver aumento considerável da contagem bacteriana e ocorrer um estágio de desequilíbrio (disbiose) o que, consequentemente, resultará em uma dificuldade na quantidade de nutrientes absorvidos pela ave.
- Viral – Com as vacinas já acontecendo nos incubatórios, - que trazem benefício desde o início com uma resposta imunológica das aves evitando processos e interferências- tem reduzido consideravelmente o estresse ao longo da produção.
- Limpeza e desinfecção - Também se faz necessário o uso correto e consciente dos produtos para desinfecção e nebulização (como detergentes e desinfetantes) para limpeza e higiene dos galpões de criação e seus utensílios. Segundo Kuana (2009), as medidas higiênicas e de profilaxia ambiental das instalações avícolas representam um aspecto essencial na economia e contribuem para inocuidade dos alimentos, ao mesmo tempo em que previnem ou reduzem a difusão dos patógenos. A diminuição da carga bacteriana e viral preserva diretamente a saúde dos lotes, evitando a proliferação dos microrganismos e diminuindo a carga de estresse devido ao calor.
Por fim, além da genética aplicada às exigências do mercado, um conjunto de medidas envolvendo manejo, nutrição, ambiência e o uso adequado de produtos para o controle nas várias fases da produção avícola, são pontos de suma importância para uma melhor resposta e conforto da ave sob as altas temperaturas.
O cuidado com o ambiente das aves é essencial para a segurança delas. Conheça outras dicas para se instalar um aviário que promova o bem-estar das aves.
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Augusto Sousa - Médico Veterinário especialista em Marketing e Gestão de Vendas. Diretor da Aliança Rural - parceira BTA Aditivos.
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