Entenda como o controle dos aditivos antioxidantes garante a eficiência na conservação da ração animal.

A aplicação de produtos antioxidantes em alimentos para consumo humano e animal é fundamental. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil é o segundo maior exportador de alimentos no mundo. Por esta razão, o país demanda o atendimento de diferentes padrões de qualidade exigidos pelos países importadores e mercado interno.

Além disso, é preciso garantir a validade dos alimentos enviados em longos trajetos, dentro do Brasil e a outros países. É a presença dos antioxidantes nos alimentos que possibilita atender a estes clientes que estão em várias partes do mundo ou mesmo internamente, promovendo mais tempo de vida de prateleira ao produto.

A função principal do antioxidante é inibir ou retardar a oxidação de moléculas presentes nos alimentos, como óleos, gorduras e vitaminas. A não utilização deste aditivo pode acarretar no desenvolvimento de sabores e odores indesejáveis, além de comprometer a qualidade nutricional.

Confira neste artigo como os aditivos antioxidantes contribuem para manter a qualidade dos alimentos e de que forma o monitoramento pode ser realizado para garantir sua eficiência.

Como os antioxidantes atuam no alimento

Dentre os antioxidantes mais utilizados na indústria alimentícia, estão aqueles classificados como primários e mistos. Os primários são compostos por grupos fenólicos, seu mecanismo de ação ocorre sobre radicais livres formados no início ou propagação da reação, doando átomos de hidrogênio as moléculas de radicais que se encontram desemparelhadas (figura 1). Pertencem a esse grupo, moléculas como BHT, BHA e TBHQ. Em relação ao grupo dos antioxidantes mistos, fazem parte os compostos derivados de plantas e animais, como proteínas hidrolisadas e óleos essenciais. Estes, possuem mecanismo de ação semelhante aos antioxidantes primários, doando elétrons aos radicais desemparelhados.

Figura 1. Mecanismo de ação dos antioxidantes primários

É na indústria de aditivos que se busca o desenvolvimento de moléculas que atuem de forma isolada ou sinérgica a outras, com objetivo de atender as diferentes demandas do mercado. Uma parte fundamental durante o desenvolvimento de produtos, é atestar se o antioxidante está atendendo aos objetivos propostos. Isso porque, nem sempre os antioxidantes atuam de forma sinérgica, o que pode comprometer o tempo de prateleira do produto.

Como garantir a eficiência dos antioxidantes

Em um mercado em que a precisão, regularidade e confiabilidade são elementos indispensáveis para o sucesso de qualquer empreendimento, oferecer análises robustas e com credibilidade eleva a qualidade laboratorial. Pensando em proporcionar esses serviços nos próprios desenvolvimentos e para clientes, os laboratórios devem oferecer o necessário para o desenvolvimento de produtos, através de testes de eficiência dos antioxidantes. 

Nos laboratórios físico-químico e analítico da BTA Aditivos, são utilizadas diferentes técnicas para avaliação dos antioxidantes, desde métodos titulométricos, espectrofotométricos e avaliações de estabilidade oxidativa.  

Por meio de técnicas espectrofotométricas é possível monitorar o poder antioxidante do ativo e suas combinações. O método se fundamenta na verificação da capacidade do produto ou molécula antioxidante em doar elétrons para o radical livre, permitindo determinar a porcentagem de atividade antioxidante em sequestrar dos radicais livres. Os resultados permitem predizer se o produto possui uma baixa, média ou alta atividade antioxidante. Além disso, a técnica auxilia no desenvolvimento de associações entre compostos antioxidantes, permitindo verificar se estes atuam de forma sinérgica ou antagônica na captura dos radicais livres.

Espectrofotômetro: utilizado para identificar e quantificar substâncias químicas a partir da medição da absorção e transmissão de luz que passa através da amostra

Para determinação da efetividade dos antioxidantes aplicados em óleos, gorduras e rações é determinado o tempo de prateleira desses alimentos através da estabilidade oxidativa, por meio de envelhecimento da amostra por exposição ao calor e elevado volume de ar, utilizando o método Rancimat. A análise pode ser aplicada tanto para o desenvolvimento dos antioxidantes, buscando as melhores associações que aumentem sua estabilidade ou para análises de qualidade e monitoramento de amostras de clientes.

Rancimat: determina a estabilidade oxidativa de gorduras naturais e óleos, tanto na sua forma pura como em alimentos

Monitoramento da oxidação lipídica

Os índices de acidez e peróxido são importantes parâmetros de monitoramento da oxidação lipídica. É possível verificar a ação dos antioxidantes aplicados no alimento, por meio de método titulométrico, indicados no Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal, para controle em matérias primas.

O índice de acidez permite verificar a presença de ácidos graxos livres nas amostras, associados aos processos de hidrólise dos lipídios e consequente rancificação em óleos e gorduras. Através de método titulométrico, é possível avaliar a acidez causada pela presença de ácidos graxos livres, permitindo verificar a qualidade do produto.

Os peróxidos, por sua vez, são substâncias que apresentam uma ligação entre duas moléculas de oxigênio, sendo uma molécula de oxigênio em estado de oxidação. Esta é responsável por ocasionar a peroxidação lipídica, iniciada pelos radicais livres e acelerada na presença de metais pesados, como Ferro (Fe) e Cobre (Cu). Os peróxidos formados destroem moléculas de ácido graxo, originando produtos tóxicos, que liberam odor característico de ranço. Para monitorar a formação dos peróxidos pode-se aplicar a metodologia titulométrica iodométrica, que quantifica esses compostos livres na amostra.

Além de avaliar o poder antioxidante dos produtos fornecidos aos clientes BTA, a equipe de laboratório e P&D auxilia os clientes no monitoramento da qualidade dos produtos tratados com os antioxidantes. Este cuidado ocorre através de técnicas reconhecidas pelos órgãos competentes, auxiliando na escolha do melhor produto para cada desafio.

Quer saber mais sobre o assunto? Confira neste artigo porque os antioxidantes são considerados a proteção para uma ração mais segura.

Referências

RAMALHO, Valéria Cristina; JORGE, Neuza. Antioxidantes utilizados em óleos, gorduras e alimentos gordurosos. Quim. Nova, São José do Rio Preto, v. 29, n. 4, p. 755-760, jan. 2006.

SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL (Brasil). Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal. São Paulo: Ciasulli Editores, 2017.