O uso correto de aditivos traz benefícios importantes na produção, como o fornecimento de uma matéria-prima segura, um alimento de melhor qualidade, além de melhor fluidez nos processos.

Com os novos desafios que o mercado da alimentação animal vem enfrentando, como oscilação de preço, mudanças climáticas afetando na disponibilidade de grãos e escassez de matéria-prima, a busca por alternativas que possam garantir a qualidade das matérias-primas vem se intensificando. Confira a seguir como os aditivos podem auxiliar na qualidade de matérias-primas e farinhas, e trazer bons resultados de lucratividade e produtividade na produção.

Os aditivos são grandes aliados para garantir a segurança das matérias-primas utilizadas na alimentação animal. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os aditivos são definidos de acordo como “substância, microrganismo ou produto formulado, adicionado intencionalmente aos produtos, que não é utilizada normalmente como ingrediente, tenha ou não valor nutritivo e que melhore as características dos produtos destinados à alimentação animal ou dos produtos animais, melhore o desempenho dos animais sadios ou atenda às necessidades nutricionais”.

Na Instrução Normativa nº 13, de 30 de novembro de 2004, os aditivos são classificados como tecnológicos, sensoriais, nutricionais e zootécnicos:

• Aditivos tecnológicos: qualquer substância adicionada ao produto destinado à alimentação animal com fins tecnológicos; 
• Aditivos sensoriais: substância adicionada ao produto para melhorar ou modificar as propriedades organolépticas destes ou as características visuais dos produtos;
• Aditivos nutricionais: toda substância utilizada para manter ou melhorar as propriedades nutricionais do produto;
• Aditivos zootécnicos: toda substância utilizada para influir positivamente na melhoria do desempenho dos animais.

Qual a função dos aditivos tecnológicos e como são utilizados?

Os aditivos tecnológicos têm como objetivo promover a inocuidade da matéria-prima, inibindo o crescimento de microrganismos e produção de toxinas, como os antifúngicos e conservantes. Objetiva também garantir a qualidade, diminuindo as perdas de nutrientes e alterações organolépticas, a exemplo dos antioxidantes, umectantes, antiumectantes.

Antifúngicos

Os antifúngicos, são substâncias utilizadas em matérias-primas e farinhas de origem animal com o objetivo de prolongar o período de conservação, evitando o desenvolvimento fúngico e, consequentemente, a produção de metabólitos secundários produzidos durante o seu ciclo de vida, as micotoxinas.

A presença de bolores e leveduras nos ingredientes pode acarretar a perda nutricional, pois vitaminas presentes na composição nutricional do alimento são utilizadas durante a proliferação desses fungos. Além da perda nutricional, a presença de fungos nos ingredientes pode tornar as rações menos palatáveis, por consequência, uma menor ingestão dos alimentos pelos animais.

O antifúngico tem o seu mecanismo de ação quando entra em contato com o meio celular do fungo, acidificando o meio. Pode ainda interferir na permeabilidade da membrana celular, desarranjando o transporte do substrato da membrana celular, assim, inibindo o seu desenvolvimento e proliferação.

A linha Fungtech, desenvolvida pela BTA, são antifúngicos compostos por blend de ácidos orgânicos e sais de ácidos que possuem uma atividade potencializada que amplifica seus efeitos contra os principais fungos: Fusarium, Penicillium e Cladosporium. Alguns benefícios da linha Fungtech:

• Efeito de choque e poder residual;
• Liberação gradual na ração tratada;
• Não possui efeito corrosivo;
• Não afeta o sabor das rações;
• Adaptabilidade na aplicação (versão pó e líquido).

Antioxidantes

Os antioxidantes são substâncias utilizadas em matérias-primas ou em rações que têm elevado conteúdo lipídico, com o objetivo de evitar a oxidação dos alimentos, retardando a sua deterioração e rancificação. A oxidação de óleos e gorduras podem provocar a perda de palatabilidade e redução do conteúdo nutricional devido a alterações das características organolépticas e nutricionais. Para entender o processo de rancidez oxidativa é preciso compreender suas três etapas:

• Iniciação: um átomo de H é removido do carbono adjacente à dupla ligação, resultando a formação do radical livre.
• Propagação: o radical livre busca a estabilidade (reage com o oxigênio).
• Término: geração de produtos estáveis e degradação dos lipídeos.

A umidade e o calor são fatores responsáveis pela aceleração da oxidação durante o processamento.  A oxidação é irreversível, por isso é necessário tratar os produtos ainda na fase de iniciação.

O antioxidante tem diferentes mecanismos de ação, sendo o principal a doação de hidrogênio ou elétrons, incorporação dos lipídeos e a formação de um complexo entre os lipídeos e o antioxidante.

Os antioxidantes da linha BT-OX, desenvolvidos pela BTA, possuem em sua formulação compostos sinérgicos que promovem a neutralização dos radicais livres, retardando o processo de iniciação das reações de oxidação, o que permite um excelente desempenho no controle de acidez e peróxidos.

Alguns benefícios da linha BT-OX:

• Age rapidamente neutralizando os radicais livres, impedindo a oxidação;
• É termoestável e pode ser adicionado em processos que utilizam altas temperaturas;
• Protege contra a degradação dos aspectos físicos das matérias-primas e rações;
• Aumenta o shelf-life das matérias-primas, premixes e rações;
• Seu efeito prolongado garante a proteção sobre as farinhas por mais tempo, evitando efeitos de rancificação oxidativa.

Conservantes

Os conservantes antissalmonelas são substâncias utilizadas nas matérias-primas, especialmente nas de origem animal, para combater o crescimento de microrganismos patogênicos. Algumas bactérias podem ser consideradas patógenos primários ou secundários. Os patógenos primários são aqueles capazes de causar doenças no animal. As espécies de maior importância são do gênero Shigella, Salmonella, Yersinia, Klebsiella e Escherichia.

Já os patógenos secundários são organismos que podem ocasionar doenças em animais com estado de saúde já debilitado. Neste caso, as espécies de maior importância são do gênero Escherichia, Pneumoniae, Serratia e Enterobacter.

Os conservantes são utilizados como inibidores do crescimento microbiano, podendo ter efeito bactericida, quando promove a morte celular dos microrganismos, ou bacteriostáticos, quando o microrganismo não consegue se desenvolver e se reproduzir no meio.

Os aditivos conservantes podem conter na sua composição diferente compostos como:

• Formaldeído que atua na inativação das proteínas e ácidos nucleicos, inibindo as funções vitais da estrutura celular bacteriana;
• Ácidos orgânicos que apresentam o mecanismo de ação diretamente no interior da célula bacteriana, promovendo redução do pH, provocando mudanças na permeabilidade e atividade da membrana celular, comprometendo o transporte de elétrons. Desta forma, irá afetar na produção de energia celular, resultando em algum grau de bacteriostase ou até levar a morte da bactéria.

Na linha Saltech, outra interessante solução da BTA, é possível encontrar produtos com formaldeídos e ácidos orgânicos na sua composição. Os benefícios da linha Saltech são:

• Elevado poder de ação antimicrobiano com alta velocidade;
• Alta eficiência contra bactérias, fungos e leveduras.

Antiumectantes

Os antiumectantes são aditivos utilizados para auxiliar no controle de absorção de umidade, que impedem que as partículas do produto ao ter uma elevação da umidade, não sejam aderidas a outras partículas. Além do efeito de não aglutinante, a adição do antiumectante ajuda no controle da atividade de água. Este é um fator importante, pois em níveis elevados podem promover o crescimento de microrganismos.

Nos gráficos abaixo foram feitas avaliações da atividade de água e umidade de duas farinhas, sendo uma com a adição do produto Dry-Meal AF Plus, da linha de aditivos antiumectantes, e a outra sem a sua adição, em diferentes tempos.

É possível observar no gráfico de avalição de atividade de água que a farinha com o aditivo, apesar de apresentar um incremento no valor entre os dias 36 e 43, após esse período obteve uma tendência de estabilização. Enquanto na farinha sem o aditivo, além de apresentar um crescimento no valor de atividade de água ao longo do tempo, os valores também foram superiores aos obtidos nos mesmos dias pela farinha com o antiumectante. Já no gráfico de avaliação da umidade nas farinhas, é possível concluir que a farinha com o aditivo teve um ganho de umidade inferior ao da farinha sem o aditivo.

A linha DRY-MEAL, possui antiumectantes, que além de benefícios como o controle da umidade e atividade de água (aW), tem ainda como vantagem manter a propriedade de fluidez, prevenindo o empedramento das matérias-primas e promovendo a melhora no tempo de prateleira o que assegura a qualidade do produto.

Umectantes

Os umectantes são aditivos capazes de proteger os alimentos da perda de umidade, que ocasiona o seu ressecamento. O aditivo Hydra-Meal possui na sua composição ácidos orgânicos e agente umectante que promove melhor retenção da água combinada. Desta forma, as farinhas e matérias-primas não apresentam perda de umidade com o ambiente durante as estações mais secas do ano. Além do benefício de diminuir o ressecamento, Hydra-Meal promove estabilidade no parâmetro de umidade e atividade de água, permitindo a utilização de forma segura e com qualidade superior.

Baseados nestes dados, nos trabalhos realizados, nos resultados e no apoio fornecido pela equipe técnica da BTA, podemos afirmar que o uso correto dos aditivos traz benefícios importantes na produção. O fornecimento de uma matéria-prima segura e, consequentemente de uma ração de melhor qualidade com aproveitamento maior dos ingredientes pelo animal é um exemplo. A melhora da fluidez de processos e menor desgaste de equipamentos, somado a outros fatores importantes também são pontos de grande relevância que devem ser levados em consideração para o resultado de uma produção mais equilibrada, estável e com menores gastos ao final do processo.      

Tendo em vista que a alimentação representa aproximadamente 80% do custo total da produção de suínos, para vencer os desafios, é preciso buscar alternativas que otimizem produção x custos na nutrição animal. Entenda o desafio da conversão alimentar em tempos de alto custo de insumos e tecnologias nutricionais que podem auxiliar na redução do impacto do custo de produção