Contaminação microbiológica: um desafio que impacta na cadeia produtiva animal e no bolso do produtor
Entenda porque apesar de todas as ações de controle de patógenos ainda é comum o registro de perdas nos processos por contaminação microbiológica na cadeia produtiva.
A cadeia produtiva de alimentos é definida por todos os setores envolvidos nas etapas de produção, industrialização, armazenamento, fracionamento, transporte, distribuição, importação ou comercialização de alimentos, sendo que a cadeia de proteína animal, é um elo forte do agronegócio. Ela é responsável por movimentar diversos segmentos que seguem na busca pela entrega de insumos com mais qualidade para esse setor tão importante da nossa economia. A produção de proteína animal, coloca o Brasil em posição de destaque a nível mundial. Somos o terceiro maior produtor de frangos e o maior exportador dessa proteína, o que também nos torna responsáveis pela segurança alimentar vendida junto com esse volume de carne.
Fonte: ABPA
Envolvimento da cadeia produtiva animal com outros mercados
A contaminação microbiológica em alimentos, seja por falhas nos processos de produção ou falta de boas práticas de fabricação, por exemplo, pode ocasionar o recall de alimentos. O recolhimento destes produtos pode ocorrer de maneira voluntária pelas empresas produtoras ou por embargos de órgãos oficiais. Em ambas as situações, há um prejuízo significativo para as empresas. Então, surge a pergunta: Por que ainda encontramos desafios com relação a questão microbiológica? A resposta não é tão simples quanto parece. Confira a seguir quais as principais ameaças microbiológicas e as ações que podem contribuir para evitar prejuízos na produção.
Quais as principais ameaças na produção da proteína animal?
Sempre que falamos em condenações, embargos e recall, surge o nome de alguns microrganismos e, entre eles, o mais proeminente é o da Salmonella. Essa bactéria possui diversos mecanismos que a tornam um sério problema nos planteis, fábricas e indústrias. Isso ocorre em função da existência de diversas fontes potenciais de infecção e contaminação, como:
- Ambiente
- Transporte
- Equipamentos
- Cama
- Animais silvestres
- Água
- Ração
O microrganismo pode possuir diferentes maneiras de resistir as condições do ambiente, como formação de biofilme, resistência ao estresse térmico e a pH ácidos, o que aumenta as chances de contaminação e propagação de doenças em aves e consumidor.
Além disso, o microrganismo possui vários sorovares capazes de colonizar e contaminar o trato intestinal de frangos de corte durante o abate e processamento, permanecendo circulantes na cadeia de produção e representando um desafio extra para minimizar os riscos até os consumidores finais (VOSS-RECH et al., 2015). Já foram identificados 2.600 sorovares de Salmonella, as quais podem estar amplamente distribuídas no ambiente (superfícies, água, alimentos, trato intestinal, solo, entre outros), dificultando sua identificação e controle. As taxas de perdas em frigoríficos, por essa contaminação, podem oscilar entre 5% a 30% da produção total, representando um prejuízo monetário alto para a indústria e até comprometer a integridade da marca.
Algumas salmonelas possuem impacto maior para a sociedade, sejam elas em função da sua patogenicidade ou dificuldade de controle, ou mesmo para a exportação de carnes, como é o caso das Salmonellas Pullorum, Gallinarum, Enteritidis e Typhimurium, que são de notificação obrigatória e causam embargos de carregamentos.
Porém, outros microrganismos também são responsáveis pelas condenações nas indústrias. Além das Salmonellas, existem uma gama de bactérias e fungos que deterioram os alimentos, que mesmo não sendo patogênicos, afetam os aspectos sensoriais, como cor, textura, sabor e odor. Dentre os principais agentes patogênicos envolvidos em doenças transmitidas por alimentos destaca-se a Salmonella spp., Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Escherichia coli e Listeria monocytogenes, e dentre os deteriorantes pode-se citar Pseudomonas spp., Acinetobacter spp., Shewanella spp. e Lactobacillus spp.
A veiculação de agentes patogênicos causadores de surtos em animais e humanos pode ocorrer nas diversas cadeias produtoras de alimentos, como ovos e produtos que os utilizam como base, água, doces e sobremesas, leite e derivados, carnes de aves, suínos e bovinos in natura, cereais, hortaliças e pescados (BRASIL, 2016). O que de modo geral, demonstra que a problemática sobre a contaminação de alimentos é ampla e abrangente, não sendo limitada a apenas uma bactéria ou um alimento em específico.
Implantação de programas de controle e monitoramento para redução de patógenos
Com intuito de controlar a contaminação de produtos de origem animal por determinados microrganismos causadores de zoonoses e Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA), o governo estabeleceu um plano pioneiro no país, o chamado “Programa de Redução de Patógenos (PRP) – monitoramento microbiológico e controle de Salmonella spp. em carcaças de frangos e perus”, com o objetivo de realizar um monitoramento constante do nível de contaminação por este patógeno em estabelecimentos de abate de aves. O PRP é um sistema de segurança alimentar moderno, e inclui o conceito de proatividade, prevenção, responsabilidade compartilhada, integração, controle do processo de produção e aplicação da análise de risco, pois seus princípios e técnicas permitem o diagnóstico de problemas e a definição de soluções mais específicas e eficientes (MAPA, 2017).
Da mesma forma, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) também possui programas sanitários específicos para diferentes áreas de produção animal (Sanidade Apícola, Sanidade de Equídeos, Sanidade de Caprinos e Ovinos, Sanidade Suídea e Programa Nacional de Sanidade Avícola – PNSA) e programas para controle de doenças como Febre Aftosa e Brucelose. Nestes, são instituídos legislações, monitoramentos e manuais técnicos que determinam as formas de controle das zoonoses de maior impacto para cada segmento.
Apesar de todos os controles estabelecidos, perdas nos processos por contaminação microbiológica ainda são uma realidade. Porém, a inclusão de aditivos tecnológicos pode contribuir de maneira significativa no controle dos patógenos tanto em rações como nos ambientes e equipamentos. Nós, da BTA Aditivos, trabalhamos com diversas soluções para auxiliar no controle da contaminação microbiológica nos planteis, fábricas e na indústria alimentícia. Para saber como podemos te ajudar, entre em contato conosco através dos nossos canais. Estamos prontos para participar da solução dos desafios da sua produção.
Entenda mais sobre o uso de antissalmonelas em matérias-primas e rações neste artigo.
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Beatriz Pasquali Fernandes - Mestre em Microbiologia Agrícola e do Ambiente e Analista de Laboratório de Controle de Qualidade da BTA Aditivos.
Veja mais posts do autorCaroline Facchi - Engenheira Agrônoma, especialista em fábrica de ração. Mestre em Sanidade e Produção Animal e doutoranda em Ciência Animal, na linha de nutrição de monogástricos. Pesquisadora na área de Pesquisa & Desenvolvimento e Gerente de Produto da BTA Aditivos.
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