Importância do Controle de Qualidade na formulação de alimentos pet
Sabendo da importância que o alimento pet tem na saúde dos animais de companhia, confira como acontece a produção de ração e a importância do controle de qualidade na formulação destes alimentos.
De acordo com a Euromonitor Internacional, empresa mundial de inteligência de negócios e análise de mercado, no ano de 2021 a população de animais de companhia no Brasil, como aves, cães, gatos e peixes ornamentais, era de 149,6 milhões.
E essa população de animais de estimação vem crescendo a cada ano. Para se ter uma ideia, em 2020, a quantidade de gatos era 25,6 milhões. Em 2021, esse número passou para 27,1 milhões, um aumento de 5,9%. Porém, os cães ainda são a espécie em domínio como animal de companhia, com uma população de 58,1 milhões, segundo registros de 2021.
Com o crescente aumento de animais, veio junto a mudança do papel deles dentro dos lares. Em uma pesquisa realizada no ano de 2019 pela Organização Mundial de Proteção aos Animais, o Brasil se destacou por ser o país que têm mais cães, e 94% das pessoas consideram seus pets como membros da família. Cerca de 99% dos entrevistados se preocupam em garantir que estão fornecendo um alimento seguro ao seu pet.
Os tutores passaram a ser preocupar cada vez mais com a qualidade, não somente escolhendo a ração pela sua aparência física, mas também com os ingredientes que estão na composição da dieta. Sabendo da importância que o alimento tem na saúde dos animais de companhia, confira a seguir como acontece a produção de ração pet e a importância do controle de qualidade na formulação destes alimentos.
Controle da qualidade para segurança da alimentação pet
A definição para controle de qualidade pode ser classificada como um termo que abrange desde pessoas até processos, incluindo todos os aspectos de um produto até a entrega desse produto. De acordo com DEMING (1993) qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de vista do cliente. Por isso que o controle de qualidade entra como um grande aliado para fornecer esta segurança aos tutores de pets.
A começar pela formulação do alimento que deve ser realizada por um profissional apto e especializado na nutrição de animais. O formulador precisa priorizar uma dieta de acordo com as necessidades para cada espécie. Por exemplo, cães e gatos são pertencentes a mesma classe de mamíferos, mas de famílias diferentes. Os cães são da família de canídeos, enquanto os gatos pertencem a dos felídeos. Portanto, as suas necessidades nutricionais são diferentes.
O controle de qualidade trabalha junto com o formulador, para garantir que a dieta não tenha nenhum desbalanceamento por conta da inclusão de algum ingrediente fora dos padrões, ou mesmo que seja ocasionada por um erro durante a fabricação do produto. É preciso que haja um monitoramento e verificação constante de que todos os colaboradores envolvidos no processo estejam respeitando as Boas Práticas de Fabricação e os procedimentos impostos nos Procedimentos Operacionais Padrão.
A equipe da qualidade pode utilizar várias ferramentas para auxiliar, prever e certificar que certos erros na produção não ocorram.
Em 1987, David Garvin, considerado um guru do controle da qualidade, propôs as oito dimensões da qualidade, discorrendo que cada dimensão seja autossuficiente e distinta, não sendo exclusiva, mas sim, complementar. Segundo ele, para um processo de produção correto, a equipe de qualidade deve ter em mente estes princípios que precisam ser seguidos para desenvolver um alimento seguro, levando em consideração não só a ração produzida, mas também se a ração está chegando aos tutores da forma que desejam e com a segurança de que o pet esteja se alimentando com um produto de qualidade. Os princípios são os seguintes:
Oito dimensões propostas por David Garvin
Passos para manter a qualidade do alimento produzido
O primeiro passo a ser tomado para a qualidade do alimento inicia na certificação de fornecedores. Nesta etapa, a área irá definir quais fornecedores são aptos ou não para atender a empresa de acordo com seus requisitos de qualidade. Além de verificar a documentação, se há necessidade ou não do registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é preciso checar se a empresa fornecedora atende ao programa de Boas Práticas de Fabricação (BPF), se possui ferramentas que auxiliam no controle de qualidade e a real qualidade da matéria-prima, que deve atender às exigências das formulações.
Após a aquisição da matéria-prima, na recepção, a equipe da qualidade tem a tarefa de verificar se a matéria-prima adquirida está dentro dos níveis de conformidade dispostos no seu Procedimento Operacional Padrão (POP) referente a recepção de matérias-primas, ingredientes e embalagens. Por exemplo, se o produto que está sendo recebido é uma farinha de vísceras, é verificado no rótulo as informações de data de fabricação, vencimento, lote, seus índices de garantia e se foi fornecido um laudo de análise. Neste laudo, deve conter as análises bromatológicas que informam se os índices fornecidos no rótulo são condizentes com os níveis obtidos no laudo de análise da matéria-prima recepcionada.
Toda empresa fabricante de alimentos possui um laboratório de qualidade. Além das análises já mencionadas na recepção de matérias-primas e ingredientes, neste laboratório serão processadas outras análises para a certificação do processo de produção da ração.
A qualidade e a produção trabalham em equipe para verificar e se certificar de que não ocorra nenhuma falha crítica. Enquanto os operadores certificam o correto funcionamento dos equipamentos, os analistas de qualidade realizam o monitoramento e verificação.
A mistura produzida pode representar um grande risco no desbalanceamento nutricional, já que um processo realizado sem o seu tempo mínimo, pode resultar em uma mistura não homogênea. Para tanto, é necessário realizar a verificação do Coeficiente de Variação (CV). Quando o CV está muito alto, o controle de qualidade deve direcionar aos responsáveis pelo equipamento, a ação corretiva para o erro que está causando esta elevação.
Além do tempo, o tamanho das partículas tem influência direta na qualidade da mistura. Para realizar o monitoramento da granulometria da mistura, a área de controle da qualidade faz a identificação da variação do Diâmetro Geométrico Médio (DGM) das partículas dos ingredientes moídos. O DGM é obtido através do processo de peneiragem da amostra da mistura.
Para cada espécie existe uma DGM ideal. No caso das rações para pet, o DGM ideal é abaixo de 0,650mm. É desejável este tamanho de partículas pois, além de ajudar no processo de extrusão, melhorando na gelatinização do amido, tem efeito direto na melhoria de aproveitamentos dos nutrientes pelo animal.
O aglutinante Hydro-Feed Premium é uma eficiente ferramenta pois permite melhorar a produtividade industrial e a obtenção de ganhos na ração, melhorando vários parâmetros do processo produtivo, encontrando um equilíbrio mais estável e eficiente, principalmente, a partir do melhor aproveitamento da umidade e atividade da água.
Alguns dos benefícios com o uso do Hydro-Feed Premium:
- Melhor gelatinização do amido;
- Otimização energética e rendimento da extrusão;
- Melhor aspecto físico do kibble;
- Biosseguridade.
Na figura abaixo é possível ver a melhoria no acabamento do kibble:
Análises como umidade e atividade de água são essenciais para evitar problemas futuros, como por exemplo, o crescimento de bolores e leveduras. No artigo “Como a umidade e a atividade de água podem interferir na qualidade da ração” são apresentados estes termos, o que são, o que as análises auxiliam a identificar e seus valores seguros para trabalhar nas rações. Além dessas análises, outras podem ser solicitadas para a verificação do teor de proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, vitaminas e minerais, entre outras análises.
Após a produção, a equipe de qualidade ficará encarregada de aprovar os lotes, estabelecendo se estão dentro dos padrões estabelecidos pela empresa. Após a aprovação, a equipe verifica as condições do transporte para distribuir a ração, certificando-se de que o caminhão esteja em boas condições de limpeza, se não há outras mercadorias presentes e outros fatores de segurança, como furos na carroceria, por exemplo.
Por isso, é indispensável uma equipe de qualidade altamente qualificada e treinada, garantindo que todos os passos sejam seguidos e as ações ocorram dentro dos padrões estabelecidos. Desta forma, há então, uma minimização da chance de expedição de um produto que não atenda a expectativa do consumidor.
Além de garantir a segurança dos animais deve-se sempre ter em mente sobre as outras vantagens de se adquirir produtos de qualidade, como a minimização de riscos à marca da empresa fornecedora, a redução de retrabalhos e a maior fluidez e previsibilidade do negócio.
Saiba mais a respeito da qualidade da ração no artigo como melhorar a qualidade da ração peletizada, com a mínima geração de finos e quebrados, mesmo após manuseio e transporte.
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Thaís Gonelli - Zootecnista, com pós graduação em gestão da qualidade (em curso), e Consultora Técnica na BTA Aditivos
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