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Principais impactos do inverno na avicultura e maneiras de minimizá-los

Os dias de frio influenciam na alimentação, hidratação e comportamento das aves, interferindo diretamente nos índices zootécnicos.  Confira neste artigo quais os principais impactos da estação do inverno na avicultura e algumas alternativas para minimizá-los

A importância econômica da produção de aves e ovos no mundo e no Brasil é indiscutível. O desenvolvimento de linhagens com rápido crescimento e elevada produtividade, associado aos avanços tecnológicos na área de manejo, nutrição e sanidade, conduziram a avicultura à níveis industriais.

Mas, mesmo diante das melhorias em genética e nutrição, o metabolismo das aves ainda continua muito suscetível às variações térmicas, inclusive às temperaturas baixas, visto que o ambiente em que a ave se encontra exerce influência no consumo de água, ração e gasto energético, afetando diretamente os índices zootécnicos.  Confira a seguir os principais impactos da estação do inverno na avicultura e algumas alternativas para minimizá-los. 

Qual o impacto do frio nas aves de produção?

A exposição ao frio, pode comprometer o desempenho dos lotes, provocando desuniformidade, principalmente em aves jovens, pelo fato do sistema termorregulador completar o desenvolvimento apenas com 21 dias de vida, quando ocorre a troca das penugens pelas penas.

De acordo com a tabela abaixo, pode-se observar a temperatura de conforto térmico conforme a idade das aves. Observando os dados acima, percebe-se que mesmo as aves mais velhas podem sofrer com o frio intenso. Em aves matrizes é observada uma diminuição da produção de ovos, um aumento da mortalidade, principalmente de refugos, e uma expressiva queda da eclodibilidade e fertilidade, devido à diminuição da atividade de cópula e da motilidade espermática do galo. Em poedeiras comerciais, estudos demonstram que em estresse térmico as aves produzem ovos 3% mais leves. 

O frio também prejudica a alimentação e pode causar a desidratação nas aves, pois estas permanecem mais apáticas e com pouca movimentação. Dessa forma, se faz necessário um manejo mais efetivo. A mortalidade, principalmente de aves jovens, tende a aumentar, e é causada pela síndrome da morte súbita, e pelo amontoamento das aves na tentativa se aquecerem-se, fazendo com que as menores acabem morrendo por asfixia ou pisoteadas.

Juntamente às perdas zootécnicas, o estresse térmico das aves no inverno pode provocar uma queda na imunidade, favorecendo o aparecimento de desafios sanitários. Problemas respiratórios são comumente visualizados nos lotes, e na maioria das vezes, são causados pela diminuição de ventilação nos aviários, medida realizada pelos produtores com a falsa impressão de que diminuindo a ventilação possam aquecer as aves. Uma baixa velocidade de ar, associada à umidade alta da cama, muito frequente no inverno, aumenta os índices de amônia no ambiente, lesionando mucosas do trato respiratório superior e deixando as aves mais suscetíveis à vírus como o da Bronquite Infecciosa e Pneumovírus. A diminuição da oxigenação também é prejudicial ao desenvolvimento muscular das aves, tendo como consequência o aumento do trabalho cardíaco, acarretando a Síndrome Ascítica, síndrome multifatorial que eleva os índices de condenação de carcaça.

A baixa imunidade também pode transformar a interação patógeno-hospedeiro, fazendo com que patógenos que comumente não causariam danos ao animal passem a se tornar patogênicos, como Salmonella, E.coli e Campylobacter.

Como diminuir o impacto negativo de dias frios na avicultura

Há dois pontos essenciais que precisam ser observados para reduzir o impacto negativo dos dias de frios na avicultura:

Estrutura e equipamentos dos aviários

Visando evitar os prejuízos causados pelo frio, o avicultor deve ter em seus aviários um excelente sistema de aquecimento, utilizado nas primeiras semanas de vida das aves, que pode ser com fornos a lenha, gás, energia elétrica, solar ou biomassa. Além disso, é importante ter uma correta vedação do aviário, sem entradas falsas de ar. Geralmente é realizado o isolamento térmico da cobertura do aviário com poliuretano, polietileno ou mantas térmicas.

O cortinado dos aviários deve estar em bom estado de conservação, os sistemas de pressão negativa devem ser priorizados, onde são usadas cortinas duplas, formando estufas, de forma que o calor permaneça dentro da instalação. Em aves velhas, criadas no sistema de pressão positiva é comum erguer as cortinas em dias frios e manter os ventiladores desligados.

É recomendado ainda o uso de forro, o qual reduz o volume de ar a ser aquecido dentro do aviário. Outro cuidado básico e muito importante é uma correta utilização da ventilação mínima. Durante dias frios, a ventilação não tem o objetivo de reduzir a temperatura dentro da instalação, mas sim, o de promover a renovação do ar, retirando a amônia e CO2, repondo o ar com O2, e consequentemente, melhorando a oxigenação das aves.

Cuidados com a nutrição das aves

Em condições de frio extremo, a perda de calor pelas aves é alta. Se a ave for mantida em uma mesma dieta energética, constante para qualquer temperatura, a energia disponível para o seu crescimento será mínima em períodos de frio, diminuindo seu crescimento. Dessa forma é indicado aumentar o volume de ração fornecido durante o inverno.

Uma alternativa utilizada em regiões frias é a diminuição dos níveis de sal na dieta das aves. Com isso, o consumo de água cai, consequentemente, evita-se a umidade na cama. Com uma cama pouco úmida não há necessidade de abrir muito as cortinas dos aviários, proporcionando maior conforto térmico para as aves no interior dos aviários. 

É importante também avaliar a qualidade e a forma física da ração. A ração peletizada promove um aumento de consumo e rápido crescimento das linhagens de corte, podendo provocar em dias frios uma oxigenação muscular insuficiente, ocasionando ascite. Então, muitos especialistas recomendam a utilização de ração farelada durante o inverno. Os programas de agentes anticoccidianos e promotores de crescimento também devem ser adequados para o período mais frio do ano, de forma que não impacte no desenvolvimento dos frangos.

Com o aquecimento dos aviários é comum que as tubulações de água também sejam aquecidas, deixando a água com alta temperatura, inviabilizando seu consumo pelas aves e podendo causar disbioses. Sendo assim, no período de aquecimento é necessário realizar o procedimento de flushing de água, mantendo-a em temperatura correta para o consumo das aves.

No sistema de criação de aves matrizes, como a quantidade de ração fornecida é controlada, em baixas temperaturas é fornecido uma quantidade a mais de ração, conforme a temperatura encontrada no dia e a fase de produção da ave.

Uma excelente ferramenta para diminuir o impacto de períodos de estresse no desempenho produtivo das aves é a utilização de Salmokill Powder na ração. O produto, composto por um blend de ácidos orgânicos microencapsulados, contém uma tecnologia que permite que a liberação dos princípios ativos ocorra de maneira programada, somente após ação de sais biliares e lipases, na parte medial do intestino. As lipases promovem a hidrólise da cápsula, fazendo com que todos os ácidos microencapsulados sejam liberados no intestino de forma lenta e continuada, possibilitando assim, a sua assimilação. Este mecanismo garante que o ativo reaja apenas na parte necessária do sistema digestivo, melhorando assim o desenvolvimento entérico.

A utilização do produto melhora a saúde intestinal das aves, preservando as propriedades dos ingredientes da ração e aumentando a disponibilidade nutricional. Indiretamente, Salmokill Powder interfere positivamente no desempenho zootécnico das aves.

Em estudo realizado em condições climáticas normais, aves que consumiram ração com a inclusão de 1,5kg/ton tiveram uma redução de 5,29% da conversão alimentar e um aumento de GPD (ganho de peso diário) de 7,92 pontos, comparado com aves que não consumiram o produto. Esta é um dos excelentes resultados zootécnicos que os ácidos orgânicos microencapsulados podem proporcionar.

O uso de ácidos orgânicos tem recebido espaço cativo nas dietas de campo. Entenda mais neste artigo como fazer a utilização de ácidos orgânicos no controle de microrganismos e controle sanitário das aves.

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Georgia Almeida - Médica Veterinária, especialista em Gestão do Agronegócio, Mestranda em Tecnologia de Produtos de Origem Animal.

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